segunda-feira, 19 de abril de 2010

Essência

Sou mais poesia do que prosa, embora a ordem contrária trouxesse mais beleza a esta frase por algum critério mágico que desconheço. Ando assim, mulher das cavernas, atribuindo ao divino tudo aquilo que tenho preguiça de pesquisar. Coisas da estação, não me pergunte, esta é outra verdade sobrenatural.

Tem a ver com a forma como as palavras jorram na mente e buscam semelhanças, fazem cócegas querendo sair para criar logo o belo a partir de uma folha vazia. As rimas surgem, cada uma delas com vida independente, e sigo unindo-as em casamentos nem sempre felizes, a fim de expressar aquelas idéias que tanto me angustiam. Algumas vezes não são elas – as idéias angustiantes – que provocam o matrimônio das rimas. Também faço dos momentos breves longas uniões de palavras, em prol da beleza e apenas dela.

"É da minha natureza", como diria o escorpião naquela história que talvez você conheça, ser mais emoção do que razão. Em meu dicionário interno, classifico a poesia como algo emotivo e imensurável, mais semelhante à minha essência do que seria uma prosa com início, meio e fim.

E agora espero que esta explicação sirva para encerrar o texto, que afinal não se trata apenas de prosa, mas de pensamento que gostaria, ainda que com uma rima tão pobre, de ter nascido poesia.

Um comentário:

Jura Arruda disse...

Débora, que belo texto. Melhor: que bela poesia! Porque tem a ver com sentimentos, tem a ver com metáforas, tem a ver com algum critério mágico que o faça soar bem aos sentimentos de quem o lê. Poema Est