segunda-feira, 30 de julho de 2007

As Histórias Suas

Nunca mais ouvir suas histórias
Seu eterno pedir licença para falar um pouco mais
E o ficar nervoso ao ser interrompido
Talvez a única coisa que o tirava do sério
Mas era um nervoso tão ameno que nem se sentia

Nunca mais ver sua alegria
Ouvir sua música
Ler os seus textos
Nunca mais saber do tempo das caçadas
Quando ainda havia caçadas nesse mundo
E bichos, e plantas, e espaço
E não se ouvia falar em politicamente correto
Pois você, que foi tão correto quanto seu tempo permitiu
Teria nos contado outras histórias se já conhecesse o termo

Nunca mais admirar esse seu jeito de conversar
E fazer amigos aonde quer que fosse
Nunca mais ter a oportunidade de aprender aquilo que nunca aprendi
(Mas deve ser porque da sua massa eu fiquei com muito pouco)
Agora, só posso guardar o seu exemplo
E torcer para que um dia eu tenha metade do seu bondoso coração
Esse coração que decidiu parar justo agora

Vá, descanse em paz
Nos encontramos do outro lado
No dia em que eu for embora
Levo minhas histórias para lhe contar.

(Para o meu “opa”, que nos deixou em 28 de julho de 2007. Um exemplo de caráter, retidão e bondade difícil de encontrar nesse mundo.)

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