sexta-feira, 2 de março de 2007

Poema para o final




Se eu morrer amanhã
Quero que lembrem mais do meu sorriso
Que da minha seriedade
E mais daquilo que escrevi
Do que de tudo que falei
Porque as palavras que saem da boca são impensadas
E fogem à revelia das minhas vontades

Se eu morrer amanhã
Quero flores naturais
Não me venham com plástico, papel ou similares
Deixem um vaso sobre minha lápide
Porque então saberei que alguém passará por ali de vez em quando
Nem que seja para cuidar das flores
E talvez uma borboleta ou outra pare por aqueles arredores
Para passar sua última porção de tempo
E dar um colorido à minha ausência

Se eu morrer amanhã
Peçam a alguém para cantar uma música
Daquelas que falam de paz
E tragam gente, muita gente
Não quero partir na solidão

Mas não se prendam, não se prendam
Se eu morrer amanhã
Vou para muito longe
E a vida vai continuar passando

Se eu morrer amanhã
Quero que saibam que amei
Mesmo tendo demonstrado tão pouco
Que senti, sim, senti muito
Cada segundo passado nesse mundo
(procurem nas palavras, elas dizem tudo)

Se eu morrer amanhã
Talvez descubra o significado da palavra saudade
E peça então para renascer em outra língua
Que o propósito dessa vida já estará cumprido.

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