quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sete Vezes Sete

Sete pecados
Sete virtudes
E o equilíbrio

...

Sete notas musicais
Mil vezes sete sons diferentes
Em algum lugar a harmonia

...

Sete cores do arco-íris
Um céu que já foi azul
No armário, o casaco vermelho

...

Sete pragas do Egito
Mas a estante, velha e gasta
Só guarda o Novo Testamento

...

Sete chacras no corpo
Como num computador angelical
Que não sei operar

...

Sete dias da semana
Hoje é quarta-feira
O meio absoluto

...

Sete anos aqui
Que poderia ser qualquer lugar
E leio num texto de autor indefinido
Que sete é o número da passagem
Do conhecido ao desconhecido

Só um minuto,
Vou logo ali
Reservar meu vôo para Pasárgada

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um candidato com coragem

Difícil falar de eleição em tempos de Copa. Com o país todo sintonizado na África do Sul, ninguém quer saber de política, propostas de governo ou afins. Feliz ou infelizmente, minhas noções sobre futebol restringem-se a umas poucas regras e o nome de alguns times de maior destaque, o que me permite pensar em assuntos mais sérios no intervalo entre os jogos da seleção canarinho.

É pena que tantos brasileiros estejam, ao menos em mente e espírito, do outro lado do oceano. Senão poderiam dar-se conta de que os candidatos não defenderão tudo aquilo que realmente acreditam nessas eleições. Nem nunca defenderam. Eleição por aqui é só um jogo de “me engana que eu gosto” para decidir, de uma forma democraticamente estúpida, quem será o próximo fantoche a nos representar.

Indignações à parte, hoje acordei otimista. Havia, enfim, encontrado um critério de desempate que me permitiria escolher em quem desperdiçar menos meu voto nesta eleição para presidente. A coragem. Iria votar – pensava eu lá pelo meio da manhã – no candidato que tivesse a coragem de apresentar propostas que não fossem meramente eleitoreiras, mas necessárias, mesmo que isso significasse ir contra uma parcela significativa da população. Um exemplo: acabar com a política de cotas nas universidades (que é totalmente inconstitucional) e apresentar um plano sério e bem estruturado de investimentos no ensino fundamental. Não vou perder muitos parágrafos aqui explicando porque criar cotas em universidades públicas é tapar o sol com a peneira, até porque já devo ter explicado mil vezes meu ponto de vista sobre o assunto – enfim, foi um exemplo.

Então – santa ingenuidade – comecei a procurar pelas propostas dos três principais candidatos à presidência e, claro, não encontrei nadinha. Lá se foi meu otimismo pelo ralo. Voltei à estaca zero. Afinal, a desinformada aqui não havia se dado conta de que primeiro os partidos precisam definir todas as alianças, sob pena de defender alguma bandeira não muito amada por seus futuros aliados. É que partido, no Brasil, não tem ideologia, e candidato também não. Se olhar bem de perto, é tudo índio da mesma taba, só mudam os caciques. E eu querendo um candidato com coragem. Vai sonhando, vai.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Pausa para uma Prosa Futebolística

Pausa para uma prosa futebolística
E eu que do assunto nada entendo
Só nos gritos de gol me adianto
Mais uma defensora nessa causa tão brasileira
Verde, amarela, azul e branca
Bola nossa de cada dia
Dai-nos hoje a alegria da vitória
Amém.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sem telefone fixo!

Desde que o celular virou peça imprescindível ao guarda-roupa moderno e a conexão discada à internet, serviço jurássico, abri mão do telefone fixo. Já disse aqui mais de uma vez que não sou grande fã de telefones. E, além do mais, aquelas contas nunca foram muito claras, mesmo nos serviços que cobram por minutos.

De fato, tive lá minhas querelas com companhias telefônicas por faturas com valores questionáveis, e me estressa saber que não posso nem falar pessoalmente com os responsáveis pelo atendimento ao consumidor nessas empresas. Como lá em casa o único que não sai para trabalhar é o Teco, um docinho de yorkshire que ainda vou filmar e mostrar para todo mundo no YouTube, um telefone fixo, para mim, não faz a menor diferença. Realmente acredito que não faça a menor diferença para outros milhares de brasileiros também.

Mas tem gente que não pensa assim. E coloca naqueles cadastros de preenchimento obrigatório, em entidades, lojas, sites ou qualquer outro lugar que exija um registro, aquele item de preenchimento obrigatório chamado "telefone fixo". Olha, "vou te dizer pra ti" (incorporando um típico joinvilense), dá uma vontade de inventar um número qualquer... mas então vem o bom senso, e o que faço é repetir meu número de celular. Ao menos vão me encontrar quando precisarem (se é que dá para considerar isso uma boa coisa). Falando sério, essa informação pode ter sido importante há 20 anos, mas hoje?

Pior é que esses dias perdemos uma compra pela internet provavelmente por causa disso. A razão dada pela empresa para o cancelamento da venda foi "inconsistência de dados", ou seja... Azar o deles, porque fizemos a mesma compra em outra empresa, que leva mais em conta o histórico do cliente do que um número de telefone fixo.

Mas, como o mundo não gira ao redor do meu umbigo, resolvi colocar uma enquete no blog, aí do lado direito da tela, caso você ainda não tenha visto. Quando puder, preencha e ajude a descobrir quanta gente nesse mundo (ou nesse blog) ainda mantém um telefone fixo em casa - para validar, ou não, essa tendência.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A Droga da Obediência

Disse uma certa reportagem que, após os 27, nossa memória já não é mais aquela "brastemp". Deve ser verdade, porque, além de não lembrar onde e quando vi a tal reportagem, também não consigo lembrar do nome certo do filme que vi ontem à noite - pela segunda vez. Vamos dizer que é "Código de Honra". Se não for, corrijam-me os cinéfilos de plantão. Trata-se da história de um jovem advogado da marinha norte americana, protagonizado pelo então também jovem Tom Cruise, que tenta provar a inocência de dois fuzileiros num caso de assassinato. Mas este não é o tema do filme.

Toda a história gira em torno de poder e alienação - superiores que têm suas ordens fielmente seguidas por subordinados muito bem adestrados para obedecer sem questionar. Pelo visto, este é o modelo que sempre deu certo nas forças armadas e, por algum tempo, também fora delas.

Preciso dizer que vejo com olhos desconfiados a continuidade desse sistema militar em qualquer país desenvolvido - título que espero poder dar ao Brasil num futuro próspero. Até onde obedecer sem questionar é algo assimilável por uma geração que tem toda a informação do mundo em computadores com acesso à internet em cada esquina (ou dentro da própria casa)? E, analisando sob uma ótica mais pacifista (e otimista), até onde é realmente necessário "adestrar" seres humanos ao invés de ensiná-los a pensar? Quem sabe no futuro, ao invés de guerras, tenhamos debates.

*Sobre o título do post, além de referir-se ao assunto aqui proposto, trata-se do nome de um livro do Pedro Bandeira, meu autor predileto nos tempos de pré-adolescente. Recomendo.