segunda-feira, 30 de julho de 2007

As Histórias Suas

Nunca mais ouvir suas histórias
Seu eterno pedir licença para falar um pouco mais
E o ficar nervoso ao ser interrompido
Talvez a única coisa que o tirava do sério
Mas era um nervoso tão ameno que nem se sentia

Nunca mais ver sua alegria
Ouvir sua música
Ler os seus textos
Nunca mais saber do tempo das caçadas
Quando ainda havia caçadas nesse mundo
E bichos, e plantas, e espaço
E não se ouvia falar em politicamente correto
Pois você, que foi tão correto quanto seu tempo permitiu
Teria nos contado outras histórias se já conhecesse o termo

Nunca mais admirar esse seu jeito de conversar
E fazer amigos aonde quer que fosse
Nunca mais ter a oportunidade de aprender aquilo que nunca aprendi
(Mas deve ser porque da sua massa eu fiquei com muito pouco)
Agora, só posso guardar o seu exemplo
E torcer para que um dia eu tenha metade do seu bondoso coração
Esse coração que decidiu parar justo agora

Vá, descanse em paz
Nos encontramos do outro lado
No dia em que eu for embora
Levo minhas histórias para lhe contar.

(Para o meu “opa”, que nos deixou em 28 de julho de 2007. Um exemplo de caráter, retidão e bondade difícil de encontrar nesse mundo.)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

A culpa é nossa!

Sabe porque o avião da TAM caiu? Por sua causa. É, a culpa é sua sim. E minha. E do nosso presidente, dos nossos políticos, dos órgãos reguladores, do piloto, dos passageiros, da tripulação, da TAM.

Chega de colocar a culpa nas ranhuras da pista, nas falhas do avião. Chega de procurar um culpado. A culpa é nossa! Da nossa acomodação em ver durante meses, anos, esse monstro que agora chamamos de caos aéreo tomando forma até que não pudéssemos mais contê-lo. Por que não protestamos? Por que deixamos que esses políticos que estão lá, comendo e bebendo nosso dinheiro nos melhores restaurantes, continuem fazendo nada com os impostos que nós pagamos? Por que continuamos elegendo os mesmos sujeitos que nos roubam mandato após mandato? Por que deixamos que as empresas aéreas nos tratem feito bicho e continuamos pegando os mesmos aviões, perdendo horas em filas e aeroportos? Por que permanecemos de braços cruzados, agindo feito gado que deixa-se conduzir?

Enquanto agirmos feito gado, é como gado que seremos tratados. É fácil ser assim. Deixar a vida correr, sem preocupações, apontando culpados cada vez que as coisas dão errado. Até o dia em que as coisas dão errado com a gente. Ou com quem a gente ama.

Vamos fazer um impeachment: um impeachment do povo brasileiro! Não merecemos o país que temos. Somos gado.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

"Todas las mañanas que viví
todas las calles donde me escondí
el encantamiento de un amor
el sacrificio de mis padres
los zapatos de charol
los domingos en el club
salvo que cristo sigue allá en la cruz
las columnas de la catedral y la tribuna
gritan gol el lunes por la capital

Todos giran y giran
todos bajo el sol
se proyecta la vida
Mariposa technicolor
cada vez que me miras
cada sensacion
se proyecta la vida
Mariposa technicolor

Vi sus caras de resignacion
los vi felices llenos de dolor
ellas cocinaban el arroz
el levantaba sus principios
de sutil emperador
Todo al fin se sucedió
solo que el tiempo no los esperó
la melancolia de morir en este mundo
y de vivir sin una estupida razon

Todos giran y giran
todos bajo el sol
se proyecta la vida
Mariposa technicolor
cada vez que me miras
cada sensacion
se proyecta la vida
Mariposa technicolor

Yo te conozco de antes
desde antes del ayer
yo te conozco de antes
cuando me fui
no me alejé
llevo la voz cantante
llevo la luz del ayer
llevo un destino errante
llevo tus marcas en mi piel
y hoy solo te vuelvo a ver"

(Mariposa Technicolor - Fito Paez)

domingo, 22 de julho de 2007

Fim de semana perfeito

Ontem, um dia de sol, nem muito quente, nem muito frio. Ideal para longas caminhadas, boas conversas e filosofias sobre o sentido da vida. Além de um cineminha no meio do caminho. Hoje, a chuva, o frio, um tempo para ficar embaixo do cobertor vendo filmes, comendo bobageiras, relaxando. O clima deveria ser assim a cada 15 dias. Entre um e outro fim de semana desses, a gente viaja, sai para conhecer um lugar novo, ver um parente ou os amigos (ou tudo junto). Melhor que isso, só tudo isso com uma taça de vinho para acompanhar. Mas estou de castigo até que um certo doutor diga que é seguro colocar álcool no meu corpicho. Nada é perfeito (e que graça teria se fosse?).

Agora, devo tentar recuperar o foco e voltar ao que iria fazer inicialmente: trabalhar um pouco (mas só um pouquinhinho, que hoje é domingo e trabalhar aos domingos pode me causar um alto grau de estresse).

Acho que tenho um problema com esse tal de foco: detesto perder tempo. Quero aproveitar cada segundo do meu dia e, se um programa demora para abrir (no computador), imediatamente inicio outra atividade. Quando vejo, estou não fazendo três ou mais coisas ao mesmo tempo. É, não fazendo mesmo, porque tudo fica pela metade. Ansiedade? Talvez.

Foco, menina, foco. Voltando ao trabalho em 3... 2...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

"(...) Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.
Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,
sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño."
(Neruda, hasta que se encuentre un poeta mejor. Dicen que leído en Patch Adams.)

domingo, 1 de julho de 2007

Vermelho

Ah, a tentação
O corpo
O sexo
Um copo

Sentir, sentir, até não mais poder
Frear o beijo
Secar o vinho
Drenar as lembranças
Negar a si mesmo algum prazer
Burlar a danação

Onde ficou, onde fincou aquele momento?
Sentir, sentir até não mais poder
Perder-se na fumaça
Confundir-se com a ausência

O desejo
O impossível
A consciência
A concepção