sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Depois de ver o especial sobre a Elis Regina ontem, me pergunto: a Elis era uma grande cantora, ou a Globo é que fez um excelente marketing?
Também lembrei que alguém me disse certa vez que os gaúchos se ressentiam muito com ela, por nunca ter voltado ao Rio Grande para fazer um show... verdade?
Lembro de vê-la cantando uma ou duas vezes na Globo, quando eu ainda era pequena demais para entender de marketing ou da alma gaúcha. E então ela já me pareceu ótima.
Que se danem os críticos da Globo e os gaúchos bairristas. Se eu tivesse metade da voz da Elis Regina tava louca de feliz!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Gestação

Nove meses para nascer o amor
Nove meses para descobrir a dor
Nove meses para entender de solidão
Nove meses para envelhecer
Nove meses para pulsar um coração
Nove meses para sorrir
Nove meses para esquecer o mundo
Nove meses para parir uma vida inteira
E mais nove vezes nove meses de espera pelo vazio infinito.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

"... atira a primeira
atira a segunda iá iá
até descarregar o tambor
até apagar a luz de Iôiô
até nunca mais..."

(Atirador - do álbum Lenine Acústico MTV)

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Perfeição de Natal

Todo ano eu tento
Escrever um poema de natal
Curto, direto, mágico
Que toque o coração da gente simples
Da gente complexa
Da gente convexa
Um poema magistral
Perfeito em síntese, verso e trama
Liberto de todo mal
Bom e leve como a folha de outono
E que guarde um pouco de mim em suas rimas
Que é para deixar com quem me ama
(e se não ama um dia há de amar ou ei de amá-lo)
A sensação do abraço apertado
E a doce saudade de saber que um dia um pelo outro passamos

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Infinita e Triste

(depois do filme Visões, minha visão do filme)
a crueldade mora no coração
em algum canto entre a compaixão e o desespero
ela adormece enraizada

e até que venha à tona
em sua sistólica empreitada
nos espreita sem remorso
essa donzela mascarada

a crueldade é um labirinto sem saída
silada insuspeita
filha pródiga
que leva à loucura os fracos
e traz à tona os restos varridos sob o tapete da alma

infinita e triste ela nos tenta
provoca
ameaça
infinita e triste para sempre
até que a morte nos desfaça
"... e eras assim. Por que não deste somente um raio ao teu viver?"

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Grito

Guardo um grito embolado no peito
Dez vezes mergulhado em cimento
Profundo, arredio
E todo meu

Completamente selado lá dentro
Guardo esse estranho sentido
Do não ser
Que há de crescer por entre os anos
E sufocar-me de enganos
Até explodir
"De tudo ficou um pouco
Do meu medo.
Do teu asco.
Dos gritos gagos.
Da rosa ficou um pouco..."
(Resíduo - Carlos Drummond de Andrade")

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Transcrição de um debate acalorado:

Maickel para todos:
"Para refletir...
Uma certa universitária cursava o sexto semestre da Faculdade.
Como é comum no meio universitário, ela estava convencida de que era de esquerda
e estava a favor da distribuição da riqueza.
Tinha vergonha de que o seu pai fosse empresário e conseqüentemente de direita,
portanto,contrário aos programas socialistas e seus projetos que davam benefícios
aos que mais necessiatavam e cobrava impostos mais altos para os que tinham mais dinheiro.
A maioria dos seus professores e alunos sempre defendia a tese de distribuição mais justa das riquezas do país.
Por tudo isso, um dia, ela decidiu enfrentar o pai.
Falou com ele sobre o materialismo histórico e a dialética de Marx, procurando mostrar que ele estava errado
ao defender um sistema tão injusto e perverso como a direita pregava.
Seu pai ouviu pacientemente, como só um pai consegue fazer, todos os argumentos da filha e no meio da conversa perguntou:
Como você vai na escola ?
Vou bem, respondeu ela. Minha média de notas é 9, estudo muito mas vale a pena. Meu futuro depende disso eu sei !
Não tenho vida social, durmo pouco, mas vou em frente.
O pai prosseguiu:
E aquela tua amiga Sonia, como vai?
E ela respondeu com muita segurança:
Muito mal. A sua média é 3, ela passa os dias no shopping e namora o dia todo.
Pouco estuda e algumas vezes nem sequer vai às aulas. Acho até que ela é meio burra .
Com certeza, repetirá o semestre.
O pai, olhando nos olhos da filha, aconselhou:
Que tal se você sugerisse aos professores ou ao coordenador do curso para que sejam transferidos 3 pontos
das suas notas para as da Sonia?
Com isso, vocês duas teriam a mesma média.
Não seria um bom resultado para você, mas, convenhamos, seria uma boa e democrática
distribuição de notas para permitir a futura aprovação de voces duas.
Ela indignada retrucou:
Porra nenhuma! Trabalhei muito para conseguir essas notas , enquanto a Sonia buscava o lado fácil da vida.
Não acho justo que todo o trabalho que tive seja, simplesmente, dado a outra pessoa.
Seu pai, então, a abraçou, carinhosamente, dizendo:

BEM-VINDA À DIREITA!!!!"

Débora para todos:
"Normalmente eu não respondo, mas essa é uma visão muito simplista do mundo. Colocar todos os pobres numa mesma panela – como se não existissem aqueles que trabalham muito e não conseguem sair da probreza, e aqueles que querem mudar mas não sabem como (porque não tiveram oportunidade de estudo e vieram de famílias tão mal instruídas quanto eles) é posicionamento típico de quem, de um jeito ou de outro, sempre teve escolha.

Esquerda ou direita, o correto não é distribuir a renda de forma igualitária, mas distribuir a possibilidade de escolha de forma igualitária, oferecendo estudo (de qualidade, não o que as nossas escolas públicas oferecem) e capacidade de analisar de forma clara todas as possibilidades do mundo (porque o maior risco de vir de uma família onde sempre se foi pobre é acreditar que essa é a única possibilidade de vida que existe). Quando conhecimento, cultura e possibilidade de escolha forem distribuídas de forma igualitária, aí sim poderemos dividir o mundo entre preguiçosos e esforçados. Até lá a gente devia enterrar os discursos partidários. "

Joselita para Débora:
"OI

Aplausos de pé pra vc!"

Maickel para Débora:
"É... o problema é que esse povo que "nunca teve escolha", na hora em que tem que escolher, como nas eleições, vota por manter tudo do jeito que está."

Débora para Maickel:
"Vota errado pq não tem cultura e conhecimento pra analisar um governo que foi democrático na promessa e populista na prática. (aliás, a maioria nem sabe o que é populismo)."

Liana para todos:
"Ta ai... uma singela contribuição para tão acalorado debate. :D

Populismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Chamam-se de populismo uma série de movimentos políticos que propõem-se a colocar, no centro de toda ação política, o povo enquanto massa, desqualificando a idéia da democracia representativa. Exemplos típicos são o populismo russo do final do século XIX, que visava transferir o poder político às comunas camponesas por meio de uma reforma agrária radical ("partilha negra") e o populismo americano dos EUA da mesma época, que propunha incentivar a pequena agricultura pela prática de uma política monetária que favorecesse a expansão da base monetária e o crédito (bimetalismo).
Historicamente, no entanto, o termo populismo acabou por ser identificado com certos fenômenos políticos típicos da América Latina, principalmente a partir dos anos 1930, estando associado à industrialização, à urbanização e à dissolução das estruturas políticas oligárquicas em que o poder político encontra-se firmemente na mão de aristocracias rurais."

Roger para todos:
"Na verdade…muitos confundem o verdadeiro singnificado.
Vejam...
Cientificamente....o termo “pupulismo” vem do grego “popó”, que significa grande lutador médio-ligeiro da atualidade.
Então, populismo nada mais é que um movimento pró-popó! Já que o maguila já era!

Sempre é bom estar bem informado."

E daí em diante os ânimos começaram a se exaltar.. hehehehehe
A Ponte

Composição: Lenine e Lula Queiroga

Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte
A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento
A ponte nem tem que sair do lugar
Aponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço do mar
Com a mão da maré
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento
Nagô, nagô, na Golden GateE
ntreguei-te
Meu peito jorrando meu leite
Mas no retrato-postal fiz um bilhete
No primeiro avião mandei-te
Coração dilacerado
De lá pra cá sem pernoite
De passaporte rasgado
Sem ter nada que me ajeite
Coqueiros varam varandas no Empire State
Aceite
Minha canção hemisférica
A minha voz na voz da América
Cantei-te
Amei-te