quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Releitura

Eu ia escrever algo sobre essa mania horrorosa que o mundo corporativo adotou de falar tudo no gerúndio quando, sem saber porque, acabei relendo esse blog e descobri que deixei muitos planos pela metade.

Depois daquele acidente, minha vida congelou. Ou quase: nas últimas semanas estive mergulhada em dois eventos, desconectada de todo o resto para não perder a razão. Deixei uns pensamentos pela metade, umas frases incompletas pelo caminho. E quase esqueci de tudo. Este é o ponto em que descubro o melhor e mais egoísta lado de um blog: as pistas que ficam sobre a minha vida. Graças a ele lembrei de coisas que haviam ficado escondidas em alguma parte de mim que nem eu sei onde fica. É como se os dias que passaram ainda estivessem vivos – descobri uma forma de preservar o passado, e eu mesma.

Opa, a bateria está chegando ao fim. Melhor encerrar por aqui e continuar outro dia. Besos aos leitores acidentais.
eco eco eco eco eco eco eco eco ecoooooo
EEEEEECOOO
ECO
eco

domingo, 12 de agosto de 2007

"Minhas lágrimas não caem mais
Eu já me transformei em pó
E os meus gritos não se escutam mais
Estão na direção do sol
Meu futuro não me assusta ou faz
Correr pra desprender o nó
Que me amarra a garganta e traz o vazio de viver e só
Se alguém encontrou um sentido pra vida, chorou
Por aumentar a perda que se tem ao fim de tudo
Transformando o silêncio que até então é mudo
Naquela canção que parece encontrar a razão
Mas que ao final se cala
Frente ao tempo que não para
Frente a nossa lucidez..."


(Cidadão Quem - banda que descobri dia desses...)

domingo, 5 de agosto de 2007

Reflexões sobre a morte

I
Ontem fez 7 dias que meu avô faleceu. Prefiro pensar que foi para um lugar melhor. E fico pensando de onde afinal veio esse costume de relembrar a pessoa que se foi 7 dias depois. Os católicos têm a missa de sétimo dia. Os luteranos (igreja onde fui batizada) também, acho – só não usam o termo “missa” (lá chamam de culto). Das outras religiões não sei.

II
Um quadro caiu na sala da minha mãe na noite em que meu avô se foi. Um quadro pintado por minha avó. Um dia depois do culto/missa de sétimo dia dela, um relógio de porcelana caiu na sala da minha mãe. Um relógio pintado por minha avó. Gosto de imaginar que foram sinais – de alguém do outro lado dizendo para não perdermos a fé, como uma mensagem que diz “olhem, estou aqui, ainda existo, e vocês também continuarão existindo depois”.

III
Não é bem a saudade que nos deixa tristes quando perdemos alguém. O que dói mesmo é a percepção de que perdemos um pouco da gente. De que tudo aquilo que vivemos com a pessoa que se foi deixou de existir junto com ela. Quando alguém que amamos morre, um pedaço da nossa história morre junto (até aquela data, parece que tudo pode ser revivido a qualquer instante). E isso é difícil de superar. É como se morrêssemos um pouco.