quarta-feira, 31 de março de 2010

Jardineiro de Palavras

Cuidava dos textos como quem cultiva uma horta. Plantando sinopses, extraindo vírgulas, trocando as palavras até obter frases exatas. Algumas vezes guardava as que ficavam tortas, como se fossem filhas a quem não se pode negar abrigo. E assim criou parágrafos e mais parágrafos de metáforas, contos fantásticos, haikais certeiros, artigos polêmicos e romances memoráveis. Todos os dias, lendo e relendo o que escrevia, escrevendo e reescrevendo o que pensava, transformou letras dispersas em canteiros de idéias, alimentando o mundo à sua maneira.

Foi encontrado em seu jardim, morto de fome em meio à terra seca. Não tinha o dom para cuidar das plantas. Era um jardineiro de palavras.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que trágico!!!