sexta-feira, 26 de março de 2010

Estagiário com Experiência

Confesso que esses anúncios de vagas me intrigam. Hoje mesmo recebi um para seleção de estagiários. Entre os requisitos, pasmem, era “desejável experiência”. Daí me pergunto: experiência em quê? Produção de trabalhos escolares? Engabelação de professores? Provas de final de bimestre? Sim, porque estagiário, diz nosso pai dos burros, é “aquele que está fazendo estágio”, e estágio, neste contexto, é o “tempo de prática ou tirocínio para o exercício de certa profissão”. Abre parênteses. Tirocínio, eu também não sabia, refere-se aos “primeiros exercícios, aprendizado”. Fecha parênteses. Ou seja, em termos bem claros: estagiário é aquele que não tem experiência na profissão.

Ah, mas também, não é todo mundo que tem tempo para abrir dicionário. E a legislação é tão complexa que a gente nunca lembra dos detalhes. Como, só para dar um exemplo, o capítulo que fala das definições de estágio. Olha só como é grande o primeiro artigo!

Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular, em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.

Ironias à parte, e antes que alguém resolva colocar a culpa no estagiário de RH que divulgou a vaga (isso seria de chorar), sei que o governo não ajuda, que é muito caro manter um trabalhador formal, que gestores têm metas para reduzir o orçamento, que a crise acabou mas pode voltar, etc, etc e etc. Agora, custa tanto assim apostar num estudante sem experiência?
Garanto que as escolas e faculdades estão cheias de gente louca por uma oportunidade, e que, se contratada, em pouco tempo faria as empresas esquecerem da tal “experiência desejável”.

Senhores empresários, gestores, profissionais de RH ou futuros donos de qualquer negócio: apostem em novos talentos e mostrem para os brasileiros que é possível crescer sem dar um “jeitinho”. Ou contratem profissionais. A sociedade agradece.

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