terça-feira, 6 de julho de 2010

Planos odontológicos e o atendimento estilo SUS

Está sem tempo? Pule os três primeiros parágrafos.

Segundo reportagem publicada na edição 251 da revista Super Interessante, em abril de 2008, a dor de dente está entre as piores dores que um ser humano pode sentir. Se você já passou por isso, sabe bem do que estou falando. Se nunca passou, não queira jamais entender.

Nasci privilegiada. Com um sorriso bem alinhado (ah, a modéstia...), escapei do famigerado “aparelho” extraindo dentes de leite antes do tempo. Tinha uns seis anos e odiei quando a dentista deu a sentença – mas nem meu choro, nem os protestos reverteram a decisão. O que, felizmente, representou um problema a menos para resolver depois de grande.

Mas naquela época os cuidados com a primeira dentição não eram muito prioritários, digamos assim. Então, devo ter começado a escovar os dentes com regularidade lá pelos três ou quatro anos, tempo suficiente para as primeiras cáries reconhecerem o território. Aos seis anos (ou sete?) tive a oportunidade de conhecer de perto esta que é uma das piores dores que alguém poderia sentir. As cáries haviam enfim feito seu primeiro ataque. De lá pra cá, a situação só piorou, apesar das três escovações diárias, fio dental, enxaguante bucal e toda parafernália disponível para supostamente manter os dentes a salvo de seu maior vilão.

Está sem tempo? Comece a ler deste parágrafo:

Toda essa introdução foi necessária para que o provável leitor compreenda o motivo de minha felicidade ao ter à disposição um aparentemente bom e relativamente barato plano odontológico. Afinal, tratamentos dentários são caros e, no meu caso, tendem a ser recorrentes.

Tudo correu bem no início, com exceção talvez da extração dos dentes de siso, quando descobri que a maioria dos profissionais cadastrados no plano não realizava esse tipo de procedimento. Mas, procurando bem, encontrei uma. E depois outra, já que a primeira deixou de atender pelo plano odontológico um tempo depois.

Eu disse no início. O que venho percebendo ultimamente é que cada vez mais os dentistas recomendados por meus colegas de empresa estão se descadastrando do plano. E está ficando bem mais difícil conseguir marcar consultas emergenciais, por exemplo. Não interessa muito se você está sem comer, dormir ou trabalhar por causa de uma dor de dente – simplesmente não há lugar na agenda de certos dentistas para atendê-lo quando é necessário.

Outra constatação: especialistas também são raros. Em minha cidade, a maior de Santa Catarina, há apenas dois endodontistas cadastrados. Ou seja, se você precisar daquele adorável tratamento de canal, vai precisar de sorte também (tenho que abrir um parênteses para falar do empenho da profissional que me atendeu no sábado à noite para iniciar o tratamento – como resolvi não citar nomes neste post, vou manter o decidido, mas saibam que há exceções em nosso interiorano mundo).

Ah, e tem a senha, claro. Agora, para ser atendido, primeiro você faz uma avaliação no dentista, depois espera uns dias pela liberação da dita “senha”, e só então inicia o tratamento. Pergunto: se é tão difícil perceber que um paciente precisa ser atendido (pausa para um minuto de sarcasmo), não seria simples manter um sistema online para consultas em tempo real pelo dentista? Ao marcar a consulta, ele pediria o número da carteirinha e já conferiria se o paciente está em dia com suas obrigações financeiras e pode ser atendido, ora pois. Desconfio que as maravilhas da internet não tenham chegado pelas bandas de lá ainda. Sinceramente, a sensação que dá é que pagamos para ter o atendimento do SUS.

Não muito contente, mas sempre pensando que posso ser uma exceção à regra, fui consultar o Reclame Aqui – excelente site que permite a consumidores publicarem reclamações sobre empresas e dá às empresas a chance de se justificarem ou corrigirem os problemas apontados, também publicamente. Aliás, recomendo este site a todos os profissionais de recursos humanos que trabalham com gestão de benefícios, para consultar antes de contratar, lógico.

A constatação foi péssima. A empresa com mais reclamações simplesmente não se dá ao trabalho de responder aos consumidores, além dos principais planos odontológicos do Brasil terem no mínimo uma reclamação publicada. Você pode conferir a informação clicando aqui.

Mas, como nem só de decepção vivem os consumidores (e as empresas), para finalizar deixo aqui o endereço de outro site, para você cliente fiel postar sua eterna satisfação: http://www.elogieaki.com.br/

Aos amantes de planos odontológicos, por favor deixem sua defesa nos comentários deste post. Adoraria ver uma nova versão dos fatos.

2 comentários:

Josi disse...

Oi Debora
Eu diria que o atendimento do SUS, pelo menos em Joinville no caso de dentistas (não em situações de emergencia) pode ser muito melhor que qualquer plano Odontológico. Ano passado após uma fila de 4 meses(como eles não estavam doendo, pude esperar), extrai meus 4 sisos pelo SUS e tudo ocorreu perfeitamente bem e fui muito bem atendida por um especialista da área.
Acho que muita gente desconhece deste atendimento de qualidade em Joinville, já que pagamos impostos, nada mais justo que usar. Para usar é só ir em um Posto de Saúde e agendar a consulta e ter paciência para esperar.
Beijos!
@josiresendes

Débora disse...

É Josi, ainda vou fazer o teste pra ver se dentista no SUS é melhor que médico no SUS. O problema é que a fila, pelo que você comentou, continua no tamanho de sempre, e dente, quando dói, não dá pra esperar.