quinta-feira, 29 de maio de 2008

O primeiro grande desafio de uma empresa é a comunicação. O segundo é a burocracia. Todo líder, da gerência pra cima, deveria entender muito mais que a média do primeiro e aprender a abolir o segundo. Não que isso seja uma tarefa fácil.

No caso da comunicação, por exemplo, o que faz com que ela seja responsável por 95% das confusões nas empresas é o filtro. Aquele que o cara que deveria passar uma mensagem clara tem na mente na hora de transmiti-la. Ele entende as coisas de um jeito e pensa que, claro, todo mundo entende igual. Daí não se preocupa com os filtros das outras pessoas quando precisa dizer alguma coisa. Com os líderes a coisa fica pior, porque, além do filtro, entra em cena outro vilão: o ego. Líderes têm uma tendência - devidamente cultivada durante o tempo em que permanecem no poder - a achar que o mundo gira ao redor de seus umbigos. E se está lá, logicamente, tem a obrigação de entender o que eu sonho, penso e falo.

Já a burrocracia, bem, a burrocracia tem suas utilidades. O problema aqui é que o tempo ficou tão, mas tão curto, que ninguém mais pode perdê-lo pensando. É preciso produzir, produzir, produzir, uf! haja fôlego! Então, a burrocracia chega e exige que um mesmo projeto seja revisado por 10 pessoas antes de ser liberado, para evitar erros. Claro, cada uma das 10 vai acabar lendo só um pedacinho mesmo, se deixar nas mãos de uma o erro pode ser grotesco. Nas mãos das 10 vai escapar só uma caquinha ou outra (e sempre escapa).

Me pergunto (sem ênclise mesmo) se um dia vamos desacelerar ou se seremos desacelerados por alguma bomba atômica disparada sem querer por um funcionário que estava "produzindo" ou por uma mensagem mal escrita de alguém que esqueceu de tirar o filtro...

Um comentário:

Rogério disse...

Observações:
Para melhorar a comunicação, os líderes necessitam ter empatia, que é a capacidade de se colocar do outro lado (receptor) na hora de fazer a comunicação, além de ser claro na hora de comunicar, com linguajar menos corporativo e mais "pé no chão", direto.
Quanto à burocracia, ela existe no momento em que se perde a confiança no trabalho, ou se exige das pessoas que elas sejam máquinas, sem erros ou falhas de percepção."Não sois máquinas, homens é o que sois" falou Charles Chaplin em um dos seus filmes. A correria atual nas empresas colocam as pessoas a serem como máquinas, que não podem errar sob o risco de serem inutilizadas no ambiente corporativo. Esquecem o turbilhão de desejos e sentimentos que cada pessoa carrega. A criam normas, processos, para evitar que uma coisa excessivamente humana, o erro, possa ocorrer. Gente, se a vida fosse uma estrada plana e reta, que graça haveria em viver? Se nas empresas tudo fosse planejado e certo, para que ela existir? Para que a vida sem a incerteza?