quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Como Escolher seu Candidato Assistindo à Propaganda Eleitoral Gratuita

Começou o Carnaval, digo, a Propaganda Eleitoral Gratuita. Gratuita? Segundo o site Contas Abertas (http://contasabertas.uol.com.br), só em 2010 cerca de 851 milhões deixarão de ser recolhidos pela Receita por causa das propagandas partidárias. 
“É como se cada um dos mais de 190 milhões de brasileiros, indiretamente, pagasse cerca de R$ 4,45 para receber informações sobre os candidatos e os partidos políticos nas rádios e TVs. O cálculo é baseado no princípio de que a Receita Federal “compra”o horário das emissoras, permitindo que deduzam do imposto de renda 80% do que receberiam caso vendessem o período para a publicidade comercial.”
Não sei você, mas eu preferiria usar o dinheiro para comprar um cachorro-quente e uma laranjinha. Ou uns comprimidos para dor de cabeça. Mas, como não tenho escolha e já que estou ajudando a pagar a festa mesmo, melhor fazer o investimento render o máximo. 
Pensando nisso e fazendo um esforço hercúleo para prestar atenção na propaganda eleitoral anteontem (ontem a luz acabou aqui bem na hora da propaganda), pensei em um  método para ajudar na escolha dos candidatos nesta eleição. É especialmente útil na seleção de deputados e senadores:
  1. Anote em um papel os nomes dos candidatos para Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual. (Dica: você encontra a lista de todos os candidatos no site do TSE - www.tse.gov.br - na aba Eleições, escolha a opção Eleições 2010, no menu lateral esquerdo, clique em Divulgação de Candidatos).
  2. Pegue uma caneta.
  3. Daqui pra frente é simples: cada candidato que atender a qualquer dos critérios abaixo você risca da lista. Se ao final da propaganda sobrar algum, pronto, ali estará o “seu” candidato. “E se não sobrar nenhum?” Elementar, caro Watson: sempre tenha um plano B escondido na manga. Divida a lista abaixo por ordem de gravidade (ia deixar na ordem do que eu considero mais grave, mas acho melhor cada um fazer sua própria análise dos argumentos) e numere cada critério considerando 1 = característica que um candidato não deve ter nunca (absolutamente inelegível) e 4 = característica até aceitável sob circunstâncias extremas (já que não tem nada melhor, vai tu mesmo). Então o que você precisa fazer é, ao lado de cada nome riscado, escrever o número correspondente ao critério de eliminação. Assim, se ao final não sobrar um ditocujo, você pode votar naquele que cometeu o pecado menos mortal. Capicce? 
E os critérios são:
Prometer cuidar da saúde, segurança e educação. Ué, mas isso não é óbvio? Tão óbvio que todo político promete na hora da campanha - calma que o buraco é mais embaixo. Explico: não existe proposta mais genérica que essa.Todo candidato preocupado apenas com o próprio bolso promete cuidar da saúde, segurança e educação. Não que isso não seja importante: é primordial. O problema é que tem muito (muito, mas muito mesmo) candidato fazendo essa promessa, sem elaborar um projeto sério para trabalhar essas questões em seu mandato. Lembre-se: proposta genérica é igual a proposta nenhuma, e quem promete resolver tudo normalmente não resolve nada. 
Apelar para o gênero, profissão anterior, classe social, idade ou religião. Não vote numa mulher só porque ela é mulher, em médico só porque é médico, em empresário só porque é empresário, em professor só porque é professor, em assalariado só porque é assalariado, em jovem só porque é jovem, em idoso só porque é idoso, em evangélico só porque é evangélico. Absolutamente nada disso tem a ver com competência para assumir cargos políticos. Quem pede voto usando unicamente esse tipo de argumento não merece o salário que vai sair do dinheiro dos seus impostos (é, do SEU BOLSO).
Ser irmão, filho, neto ou esposa de político de carreira. Tudo bem, esse é questionável. Mas pessoalmente acho que famílias no poder só legislam em causa própria. Então, não voto em sobrenomes famosos no meio político. Ponto.
Ex-pseudo-famosos. Mulheres fruta, humoristas de gosto questionável, ídolos da música brega e variações adoram candidatar-se a cargos que eles nem sabem para que servem, só para garantir o ganha-pão e um lugarzinho na mídia. Se o cara não era bom nem na profissão original, por que seria melhor cuidando do nosso país?  
Percebe a vantagem do método? Você praticamente só precisa assistir a dois programas: um com os candidatos a presidente e senador, e outro com os candidatos a governador, deputado federal e estadual (não sei se a divisão está exata, mas é algo próximo). Depois fica livre para dar uma olhadinha na TV a cabo, assistir um bom filme, ler um livro, passear ou fazer qualquer outra coisa muito melhor que ver político na televisão. E são apenas quatro critérios, dá para decorar em menos de cinco minutos. 
Plano C: sim, pensei na possibilidade improvável de sobrar mais candidatos por cargo do que a legislação nos permite eleger após o uso da lista. Neste caso, a solução é acrescentar mais critérios eliminatórios à lista ou anotar os nomes dos candidatos em papeizinhos, jogar pro alto e pegar um. Vamos precisar da sorte de qualquer forma. 

2 comentários:

Rogério disse...

Oi Débora.
Já que o governo quer tanto popularizar o horário eleitoral, deveria montar uma rede nacional de televisão (daquelas que poderia ser utilizada para educação, civismo, saúde), para transmitir lá e somente lá os programas eleitorais. Sim, porque o espaço nas redes de televisão são pagos com dinheiro público.
Desta forma, quem tiver interesse em ver o desfile de promessas que nunca serão cumpridas, que ligue no canal próprio para isto.
Ficamos livres deste show de horrores...

Débora disse...

Boa. Poderiam usar a TV Senado. Não tem servido para muita coisa mesmo.