terça-feira, 10 de junho de 2008

Complementando o post abaixo, dá uma olhada na matéria que saiu esses dias no Financial Times (copiada do site da Meio&Mensagem) sobre a Record - tem um comentário revelador sobre a novela mutante da rede, Breguices do Coração. É, a Globo que se cuide...


Rede Globo e seu clone Record
Matéria do Financial Times revela os segredos da Globo para manter-se como líder de audiência e os planos da Record para tentar destroná-la
06/06/2008 - 16:43
Uma expressão futebolística no Brasil diz que não se mexe em time que está ganhando. A rede Globo, maior rede de televisão do Brasil e quarta do mundo por 30 anos mantém a mesma programação no horário das 18h às 22h, com novelas e telejornais, sempre com o incremento posterior de um jogo de futebol ou filmes, além de sitcoms. De dia e nos finais de semana, os destaques são programas de auditórios, com entrevistas com celebridades, atrações ao-vivo, competições e dramas da vida real.


Este, para o diretor geral Octávio Florisbal é o segredo do sucesso da rede: uma agenda rígida, que mantém a lealdade e captura mais telespectadores. Outro segredo é que a Globo produz quase toda sua programação, com roteiristas, atores, jornalistas e técnicos contratados, fazendo com que surjam atrações com um estilo muito próprio.

E que estilo. As novelas apresentam personagens típicos do Brasil deparando-se com situações diversas, inclusive crime e drogas, mas sempre pintadas de uma maneira melhor do que são na vida real. Os pobres, especialmente, estão melhores no mundo da Globo do que no mundo de verdade: bem alimentados e bem vestidos, estão sempre bem em seus empregos e moram em favelas que deixam as reais bem para trás. 'Os brasileiros se deparam com tantas dificuldades que eles não querem ver mais sofrimento nas novelas', defende-se Florisbal.

Mas se a Globo não muda, os telespectadores sim. Nos dois últimos anos, 20 milhões de pessoas entraram na classe média, que corresponde hoje a 46% da população. Ou seja, mais pessoas tem mais tempo e dinheiro para fazer outras coisas além de ficar sentados assistindo a Globo. Bares, restaurantes e cinemas são ameaças, embora a classe média não seja tão rica a ponto de causar grande impacto. A internet e a TV paga, esta presente em 7% das 50 milhões de casas brasileiras, causam preocupação, mas também com efeito pequeno.

Entretanto, os 70% da verba publicitária da Rede Globo estão sob ameaça. A emissora diz que a média de audiência das 7h até a meia-noite tem caído, mas isso não atinge o horário nobre, embora colunistas como Daniel Castro, da Folha, digam que tenha diminuído sim nos últimos três anos.

Quem estaria 'roubando' o share da Globo? Não são seus rivais tradicionais, SBT e Bandeirantes, mas a Rede Record, com sua fórmula adotada desde 2004: copiar a Globo.

Alexandre Raposo, diretor de televisão da Record, diz que após muitas pesquisas a emissora adotou uma nova programação, com novelas, notícias, futebol e shows de auditório, adotando a mesma estratégia da líder no horário nobre: novela e jornal. O resultado é que as novelas parecem ser as mesmas da Globo, com exceção dos atores, estúdios e qualidade gráfica de aberturas. 'Esta é a nossa estratégia. Estamos usando um condicionamento que já está presente no telespectador. E 80% dos nossos profissionais passaram pela Globo', diz Raposo.

De qualquer modo, as novelas da Record ainda diferem das da Globo. Vidas Opostas, que teve 240 capítulos, passou-se numa favela que realmente parecia com uma favela, com traficantes e policiais corruptos. Seu sucesso foi seguido por Caminhos do Coração, em que personagens da classe-média se defrontam com mutantes que disparam raios fatais dos olhos, uma alegoria para as mazelas da vida brasileira, como os crimes e os políticos corruptos.

No início do ano, a novela fez pela Record o que nenhuma rede brasileira conseguira antes: conquistou audiência no horário nobre que foi mais da metade da Globo. A emissora carioca ainda não está em pânico e mantém a estratégia de não mudar. 'Como líderes de mercado, com a audiência que temos, só podemos mudar de maneira lenta', diz Florisbal. De qualquer modo, parece que a Globo corre o risco de ser comida por seu próprio clone. Um enredo de novela, para a Record.

Um comentário:

Rogério disse...

Esta novela (que vejo em flashes, para rir) é ridícula, é o verdadeiro X-Men com sérias restrições orçamentárias. Efeitos especiais de tirar o fôlego (de segurar a barriga de tanto gargalhar). O mercado não deve estar fácil para os atores, para aceitarem fazer estes papéis ridículos e vergonhosos. Isto é fim de carreira.