domingo, 10 de junho de 2007

Escola de Vida

Pense numa escola que ensina, na prática, para quê, afinal, serve essa tal de trigonometria. Taí um desafio. Eu não aprendi até hoje. Faço parte daquela geração – que infelizmente se perpetua até os dias de hoje – que freqüentou escola tipo linha de produção. Tudo bem, a minha era particular, tinha até umas iniciativas diferentes vez em quando, melhor que muita escola por aí. Mas nunca fugiu da linha “preparamos você para o vestibular”, esquecendo-se de nos preparar para viver.

O resultado foi que passei no vestibular. Primeira da turma. Ótima aluna, mas, já na faculdade, tive uma dificuldade enorme para entrar no mercado de trabalho. Aprendi pouco sobre me virar sozinha. Sabia quase nada do mundo, fora das carteiras escolares e da decoreba que o Ministério da Educação diz que devemos saber.

Virei uma insatisfeita. A meu ver, para a felicidade de quem trabalha comigo. Às vezes eles se enchem, é verdade. Reclamo demais. Mas surgem mudanças dessas reclamações. (Na real, acho que ultimamente ando um pouco acomodada com o sistema, frustrada e com poucas esperanças de gerar mudanças reais).

Mas não era aí que eu queria chegar. Quero falar da escola com a qual passei noites de insônia e momentos de reflexão no chuveiro idealizando. Montei verdadeiros planos mentais de como seria a escola ideal – aquela que eu gostaria de montar, dirigir e espalhar pelo planeta com a velocidade que o século XXI exige. Mas nunca cheguei na solução de um problema crucial: dinheiro para colocar tudo isso em prática. Nunca mesmo. Continuo sem idéias sobre isso. A boa notícia é que descobri que esse meu devaneio é possível. E melhor: possível no Brasil!

A primeira pista de que uma escola assim poderia existir foi um texto que li sobre “A Escola da Ponte”, em Portugal. Recebi num grupo de discussão do qual participo. Como a escola é em Portugal e eu, sem grana, estou no Brasil, guardei o texto para pesquisar melhor no dia em que eu descobrisse como financiar minha idéia. Mas esses dias recebi uma pista – não, um tratado – muito mais quente: meu marido, lendo o livro do Ricardo Semler (esse que mencionei no post anterior) virou-se pra mim e disse: “amor, ele montou a escola que você queria”. Opa! Essa eu quero ver! Li o livro, claro. E descobri que ele não só montou a escola, como estruturou toda uma forma nova de ensino. Melhor: existe um curso que ensina o método! A escola é a Lumiar (http://www.lumiar.org.br), e é possível encontrar diversos textos sobre a forma de ensino deles no site http://www.cursoideb.utopia.com.br. Lá, os alunos escolhem o que querem aprender. E os professores têm que tornar suas aulas interessantes se quiserem mantê-los na sala. É a tal da “educação democrática”, que pode parecer um centro de formação de crianças mimadas à primeira vista, mas têm métodos bastante interessantes de ensinar respeito e ética às crianças. Muito, mas muito mais eficazes do que os utilizados nas escolas “normais” (que, convenhamos, não têm funcionado muito bem ultimamente – se tem alguma dúvida, converse com um professor da rede pública ou privada...).

O Brasil tem esperança, enfim! Saber dessa escola me deixou muito feliz. E reforçou a percepção de que minha vida vem girando em torno do umbigo (não só a minha).

Antes de tudo, é preciso ter humildade para perceber a enorme diversidade do mundo. Marque na agenda (no outlook, celular, blueberrie...): HUMILDADE – esse é o segredo dos vencedores.

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